
Quatro habilidades que seu filho desenvolve na Educação Infantil
Primeira infância é o melhor momento para desenvolver e alcançar todo o potencial; saiba como acompanhar e favorecer o desenvolvimento integral da criança.
Do ambiente de casa, em que o convívio costuma se restringir aos familiares, ao espaço da escola, com muitos colegas e professores, o universo infantil se expande imensamente. É ali, entre brincadeiras e atividades pedagógicas, que a criança pode explorar seus próprios limites e descobrir novos interesses, mesmo quando ainda bem pequenas.
A primeira infância, que vai de zero a seis anos de idade, é uma etapa marcada por importantes transformações físicas, emocionais, cognitivas e sociais, sendo a base para futuras aprendizagens. Condições adequadas de nutrição, cuidado, afeto, estímulos e interações são fundamentais para a criança se desenvolver plenamente, permitindo que ela explore e assimile o mundo ao redor. Ao frequentar as instituições de Educação Infantil, passa a conhecer um mundo que vai além de seu núcleo familiar: faz amigos, aprende a conviver, realiza descobertas. As competências socioemocionais, por exemplo, são indispensáveis para toda a vida e um bom momento para desenvolvê-las é justamente a primeira infância. Não à toa, elas estão presentes nas dez competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
O papel da escola é fundamental nessa etapa, pois oferece ambientes ricos em brincadeiras e atividades diversas. Além de promover a socialização e a autonomia, também favorece o estabelecimento de vínculos afetivos. Pais e familiares, por sua vez, também têm papel importante: ao estenderem os estímulos e cuidados oferecidos na escola para o ambiente familiar, garantem a continuidade e a consolidação do desenvolvimento pleno da criança.
Para a coordenadora editorial do Sistema de Ensino Name, Patricia Waltiach, é muito importante criar ambientes organizados, afetivos, seguros e ricos em estímulos lúdicos (brinquedos, músicas, histórias) que promovam o desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social. “Seja em casa ou nas instituições de Educação Infantil, é preciso garantir espaço de respeito à criança e valorização de suas formas de pensar e sentir. A brincadeira destaca-se como principal meio de expressão e aprendizagem para bebês e crianças pequenas e, por isso, precisa ser sempre privilegiada”, ressalta. Para que os pais possam entender, acompanhar e colaborar com o desenvolvimento integral da criança, ela explica quatro habilidades que as crianças podem desenvolver já na Educação Infantil e lembra que essas habilidades não se desenvolvem de maneira fragmentada, mas de forma interdependente.
1. Habilidades cognitivas
Atenção, memória e resolução de problemas são capacidades que precisam ser estimuladas desde cedo. “Atividades como quebra-cabeças, jogos de memória que envolvam cores e formas, por exemplo, e leitura de livros próprios para a idade ajudam a promover o desenvolvimento cognitivo”, orienta Patricia. Essas atividades também podem ser feitas em casa, de uma forma lúdica e integrada à rotina da criança. Os pais também podem proporcionar situações cotidianas de brincadeiras de faz de conta para desenvolver a criatividade, a linguagem e a capacidade de resolver problemas; de desenho, pintura e modelagem que favorecem a coordenação motora; com jogos de encaixe e tabuleiro ou atividades de associação para promover o raciocínio e a capacidade de análise; de explorações táteis, auditivas e visuais, ampliando a percepção e o conhecimento do mundo.
2. Habilidades motoras
Há dois tipos de coordenação motora: a fina, que envolve manuseio mais delicado, como recortar, desenhar e escrever; e a ampla, que implica movimentos corporais como um todo, como correr, pular e equilibrar-se, por exemplo. Atividades como encaixar blocos, contornar uma figura com o lápis, percorrer uma trilha de obstáculos, recortar e amarrar cadarços são fundamentais para desenvolver a autonomia da criança, repercutindo em sua independência nas atividades diárias. Além de favorecerem o desenvolvimento motor, também trazem repertório para subsidiar o sucesso escolar e o desenvolvimento cognitivo. Na escola, essas habilidades são abordadas de forma estruturada, com propostas pedagogicamente organizadas. Em casa, materiais do cotidiano, como panelas ou potes que se encaixam uns nos outros, podem ser de grande ajuda.
3. Habilidades sociais
Ao longo da história, diferentes pensadores, entre eles o filósofo grego Aristóteles, chegaram à mesma conclusão, por caminhos e razões diferentes: o ser humano é um ser social. Portanto, aprender a conviver com os outros é essencial. Jogos cooperativos e rodas de conversa ensinam a compartilhar, respeitar regras e resolver conflitos de forma colaborativa. “A mediação de um adulto responsável é fundamental para que a criança compreenda que, quando interage com outras pessoas, algumas regras precisam ser seguidas. Na escola, essa figura é o educador, que precisa atuar como facilitador nessas primeiras trocas sociais”, explica a especialista. Fora do ambiente escolar, pais e familiares também devem contribuir para que a criança respeite os limites nas interações com outras crianças e também com adultos.
4. Habilidades emocionais
Ambientes estruturados e acolhedores, seja em casa ou nas instituições de Educação Infantil, contribuem para que a criança se sinta segura para expressar suas emoções, reconhecê-las e regulá-las. Essas habilidades são a base para o autocontrole e o autoconhecimento. Educadores e familiares atuam como mediadores, ajudando as crianças a nomear sentimentos e a expressá-los. “O educador pode fazer perguntas reflexivas, como ‘por que você agiu assim?’ ou ‘você ficou bravo?’ e, em seguida, sugerir estratégias de autocontrole, como respirar fundo e se acalmar. Isso ajuda a criança a se preparar para quando esse tipo de emoção aparecer novamente”, recomenda Patricia.
Em 2023, um estudo desenvolvido pela professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Chrissie Ferreira de Carvalho, avaliou a eficácia de intervenções com jogos para o desenvolvimento de habilidades emocionais na Educação Infantil. Trabalhando com 107 crianças entre cinco e seis anos, todas matriculadas em centros municipais de Educação Infantil de bairros de alta vulnerabilidade social de Salvador (BA), o ensaio concluiu que as crianças que participaram de intervenções focadas nas habilidades emocionais “tiveram um aumento de aproximadamente 56% na habilidade de nomear as emoções”. Ao identificar e nomear suas emoções a criança passa a avaliar seus comportamentos e reações, entendendo melhor quem ela é. Esse processo permite que regule suas respostas de forma mais consciente e, assim, construa sua identidade.
“Como se percebe, o ambiente, as interações diárias e as brincadeiras exercem influência direta no desenvolvimento físico, mental e emocional da criança, que precisa receber de forma constante afeto, cuidado, estímulos apropriados e proteção”, conclui a educadora.
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